História de Emerenciana Joana Evangelista de Seixas
Verbetes / Volume
30326 / V.6
Emerenciana Joana Evangelista de Seixas
30338 / V.6
EMERENCIANA JOANA EVANGELISTA DE SEIXAS, n. em Vila Rica, b. 02-07-1774 na matriz de N. Sa. do Pilar, f. tb. em Vila Rica. Emerenciana não se casou, mas teve certamente um relacionamento amoroso com MANOEL TEIXEIRA QUEIROGA [30338a], n. em Lisboa [Brandão; Leal, p. 37]. Homem muito rico, Queiroga tinha residência em Vila Rica, hoje Ouro Preto, no então Largo do Mercado, que depois se chamaria Largo de São Francisco e, a partir de 1960, Largo de Coimbra; no imponente solar de 1747 funciona atualmente a Pousada do Mondego, de propriedade do engenheiro Ricardo Pereira, que o restaurou integralmente. MANOEL TEIXEIRA QUEIROGA era dono dos melhores cavalos da capitania de Minas Gerais. Era fornecedor de quase tudo ao governo da capitania, como materiais para a Casa de Fundição, animais para os corpos de cavalaria, fardamento para as tropas, víveres para os quarteis etc. Tratável, inteligente, de maneiras insinuantes, sabia captar simpatias e cultivar amizades entre as famílias proeminentes de Vila Rica. Em 17-12-1785 foi nomeado primeiro-tenente da cavalaria auxiliar de Vila Rica, no governo de Luiz da Cunha Pacheco e Menezes (depois conde de Luminares), que governou Minas Gerais de 1783 a 1788. Contra Menezes se dirigem as famosas Cartas chilenas, cuja autoria é atribuída a Thomaz Antônio Gonzaga. Em 04-07-1788, poucos dias antes de o governador deixar o cargo [11-07-1788], Manoel Teixeira Queiroga foi promovido a tenente-coronel. Ele era o "Roquério" das Cartas chilenas, que, escritas provavelmente entre 1786 e 1787, constituíam um ataque disfarçado à administração de Menezes, o "Fanfarrão Minésio" [Candido, 2006, p. 170; Gonzaga]. Menezes aparece depondo na Devassa pouco tempo depois; por não cumprir contratos assumidos, foi declarado falido e teve sequestrados todos os seus bens [Maxwell]. Queiroga tentou conseguir a mão de Emerenciana junto ao pai dela, Balthazar João Mayrinck [3º do nome], não tendo êxito por ser muito mais velho e já inteiramente arruinado e decaído. Entretanto, seduziu-a no Solar dos Ferrões, onde vivia Emerenciana (era a residência de seu tio, o brigadeiro João Carlos Xavier da Silva Ferrão), daí nascendo um filho que muitos autores atribuiriam equivocadamente a Maria Dorotheia Joaquina de Seixas - que apenas ajudou a criá-lo - e a Thomaz Antônio Gonzaga, reforçando a aura romântica em torno de "Marília" e "Dirceu".
Emerenciana Joana Evangelista de Seixas e Manoel Teixeira Queiroga foram pais de:
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... EMERENCIANA JOANA EVANGELISTA DE SEIXAS teve posteriormente um longo relacionamento às escondidas com CARLOS JOSÉ DE MELLO [30338b], n. 1770 em São João del-Rei, f. em Vila Rica, sendo o casamento consumado em 25-05-1817 no oratório privado da casa-grande, no mesmo Solar dos Ferrões, depois do nascimento das duas filhas do casal. Em 1799 Carlos José de Mello foi transferido para Vila Rica, ocasião em que conhece Emerenciana. Assentou praça no regimento de cavalaria de São João del-Rei. Em 1798 foi promovido a alferes, em 1808 a ajudante de regimento, em 1814 a capitão, chegando finalmente ao posto de coronel. Em 1821 foi honrado com o título de Benemérito da Pátria, pelos relevantes serviços prestados à capitania de Minas Gerais. Irmão de José Antônio de Mello, casado em 1780, em Vila Rica com Josepha Fideles Molina de Velascos. Filho do dr. Antônio José de Mello e de Joana Feliz da Silva, de família radicada em São João del-Rei. Emerenciana, em fins do século XVIII, em Vila Rica, no período imediatamente posterior à Inconfidência mineira, foi a grande mulher liberal, por contingências da vida e da história. Foi protegida por suas duas irmãs, Anna Ricarda e Maria Dorotheia Joaquina, a primeira muito bem casada com Valeriano Manso da Costa Reis [v. 30796], a segunda conhecida como "Marília de Dirceu" [v. 30328], moça eternamente chorosa pelo destino de seu amado Thomaz Antônio Gonzaga [v. 30328a]. Anna Ricarda protegeu a irmã durante as duas gestações de Emerenciana, recolhendo-a em sua casa na Chácara dos Manso, nos arredores de Vila Rica, assim como se dispondo a ser madrinha, mesmo depois de viúva, da sobrinha Maria de Mello [v. 30341]. Maria Dorotheia, por sua vez, foi a benfeitora do sobrinho Anacleto Teixeira de Queiroga [v. 30342], a quem criou como filho, e protetora da sobrinha Carlota Joaquina de Mello [v. 30357], ao batizá-la como madrinha. Foi também Maria Dorotheia quem organizou o casamento da irmã Emerenciana com Carlos José de Mello, no oratório privado do Solar dos Ferrões, residência do tio delas, o brigadeiro João Carlos Xavier da Silva Ferrão [v. 30318] [Leal, p. 38-45]. Ali teve início o primeiro grande romance "público" de Vila Rica, romance que até hoje permanece "guardado", "escondido". Não foi o de Marília de Dirceu com Thomaz Antônio Gonzaga, que mal existiu, mas, sim, o de Emerenciana, primeiro com o maduro Manoel Teixeira Queiroga e depois com o jovem oficial Carlos José de Mello. A história da linda e jovem Emerenciana mereceria uma reconstituição histórica à altura de sua vida, por tudo o que ela amou, pelo que viveu e sofreu, por não ter podido criar junto de si os filhos. Os três, entregues debaixo de sigilo a pessoas de sua confiança, ficaram sempre sob a velada proteção da mãe, coadjuvada pelas duas irmãs, Anna Ricarda e Maria Dorotheia.
Emerenciana Joana Evangelista de Seixas e Carlos José de Mello foram pais de:
Transcrição paleográfica do registro de batismo de Carlota efetuado em 21/04/1800 em Ouro Preto – MG no Livro de Batismos do período de 1798-1819 à página 29v.
Transcrição paleográfica do registro de reforma do batismo de Carlota efetuado em 1817 em Ouro Preto – MG no Livro de Batismos do período de 1798-1819 à página 299v e 300.
Transcrição paleográfica do registro do Casamento de Antonio José Duarte de Araújo Gondim e Carlota Joaquina de Mello em 1817 em Ouro Preto – MG no Livro de Casamentos do período de 1782-1827 à página 127v
Transcrição paleográfica do registro do Casamento de Carlos José de Mello e Emerenciana Joana Evangelista de Seixas em 1817 em Ouro Preto – MG no Livro de Casamentos do período de 1782-1827 à página 125v.