GERVÁSIO PIRES FERREIRA [1º do nome], n. 26-06-1765 na freguesia de São Frei Pedro Gonçalves, no Recife; f. 06-03-1836 tb. no Recife, de "urinas doces" (diabetes), em sua residência na chamada "rua dos Pires". Ali recebeu o sacramento da extrema-unção e foi encomendado pelo vigário Sebastião Peixoto dos Guimarães [Livro de Óbitos n. 5 da igreja matriz da Boa Vista, de 19-04-1834 a 07-05-1839, fl. 94]. Amortalhado com tecido preto, foi sepultado ao pé do altar do Senhor Bom Jesus dos Aflitos da igreja de N. Sa. do Rosário dos Pretos, coberto por uma lápide de mármore que data o falecimento em 09-03-1836. (Há, portanto, divergência em relação ao Livro de Óbitos, que fixa o óbito em 6 de março, mesmo dia e mês de irrupção da Revolução Pernambucana de 1817.) Depois de concluir a escola primária no Recife, foi aos 11 anos para Portugal estudar humanidades no Colégio de Mafra. De lá passou para a Universidade de Coimbra, matriculando-se em 01-10-1781 em matemáticas. No fim do primeiro ano, atacado por uma forte oftalmia, deixou a faculdade. Tentou estudar direito, mas, por ser míope, acabou abandonando definitivamente os estudos. Depois de uma breve temporada no Recife em visita à família, decidiu matricular-se como negociante em Lisboa e, entregando-se por inteiro ao comércio, tornou-se um grande capitalista ao longo dos 25 anos em que exerceu essa atividade em Portugal. Em fins do século XVIII, a França, dominada por Napoleão, estava em guerra contra a Inglaterra, país com o qual Portugal mantinha uma antiga aliança. Em consequência, os navios portugueses não tinham permissão de viajar senão em comboio. Gervásio terá destaque nesse cenário. Como informado por Nabuco, a Gazeta de Lisboa de 18 de setembro de 1798 dá notícias de um desses comboios, sempre grandes: "Nos dias 9 e 10 do corrente mês entrou neste porto o Comboio do Brasil, composto de 122 navios carregados de diferentes gêneros coloniais debaixo da escolta da Esquadra de S. M." Entretanto, um navio mercante, o Espada de Ferro, tinha licença para sair da regra e viajar sozinho, por estar ´em estado de resistir a qualquer corsário e por ser seu armamento de confiança, conforme explica dom Fernando José de Portugal [...]: "Parte deste Porto e para esse o navio Espada de Ferro, de que é mestre José Leite da Luz e independentemente de comboio segundo a licença que obteve o proprietário dele, Gervásio Pires Ferreira, como Vossa Excelência lhe participa na carta de 7 de janeiro passado, depois de me constar por informação do intendente da marinha e armazéns reais que vai em estado de resistir a qualquer corsário e que o armamento é de confiança na forma em que V. Excia. me recomenda"[Nabuco de Araújo, p. 191-4].
Uns dias antes, em 14 de setembro de 1798, o número XXXVII da Gazeta de Lisboa já informara: "Em 5 do corrente entrou neste porto o navio denominado Espada de Ferro, comandado por José Leite da Luz, o qual tinha sido atacado ao primeiro deste mês por um Corsário Francês de 18 peças. Travou-se um porfiado combate, e, vindo o Corsário à abordagem, e lançando arpéus, foi vivíssimo o fogo de parte a parte por espaço de uma hora, até que os inimigos, não podendo resistir ao furor com que os nossos combatiam, e ao estrago que tinham recebido, procuraram desaferrar-se, mas os nossos, conhecendo já a vitória decidida a seu favor, os embaraçaram, e por fim arriaram os Franceses a sua bandeira. Neste tempo sucedeu arrebentar o barrote a que estava preso o arpéu, e ficando o Corsário por este acontecimento solto do navio, se pôs em fugida. A perda do Inimigo em mortos e feridos julga-se ter sido de metade de sua equipagem, que se supõe ser de 150 pessoas" [Nabuco de Araújo, p. 191-4]. Em 1808, depois da invasão francesa, da fuga da família real para o Brasil, o Rio de Janeiro torna-se a metrópole da monarquia e os portos do Brasil são abertos ao comércio com todas as nações. Gervásio Pires Ferreira, vendo esses acontecimentos como sinais da decadência de Portugal, percebeu que seu futuro estaria na grandeza do Brasil. Assim, no princípio do ano de 1809, embarca em Lisboa no Espada de Ferro, com a família e todo o seu cabedal, e retorna ao Recife, onde dá continuidade às suas atividades comerciais. Gervásio será o primeiro a fazer navegação e comércio diretamente entre Pernambuco e a Ásia. Seus barcos - o Espada de Ferro e outros - velejavam entre o Recife e Calcutá, levando e trazendo mercadorias. Quando a rivalidade europeia nega-se a carregar seus barcos, ele próprio os abarrota e os faz zarpar. No Recife, instala uma fábrica de tecido, tendo entre um de seus produtos o "Algodãozinho" - "tecido de algodão para toalhas, lençóis, sacos e outras aplicações, e é assim chamado originalmente ao manufaturado na fábrica de tecidos de Gervásio Pires Ferreira, estabelecida no bairro da Boa Vista, à ra da Glória, nos anos de 1826. O estofo produzido pela fábrica de Gervásio Pires, consistente em cobertores e no chamado algodãozinho era bom e preferido ao melhor deste pano americano e ao de outra qualquer nação" (Pereira da Costa, 1976). Pelos fundos e créditos que movimenta, sua casa comercial, uma das primeiras da praça, torna-se também uma das mais importantes. O testamento ou inventário de Gervásio não chegou até nós, mas sabe-se que ele deixou enorme fortuna, inúmeras propriedades, bens e muitos escravos. No Recife, Gervásio liga-se a uma sociedade secreta de inspiração política calcada nos ideais do "Areópago de Itambé" - a primeira loja maçônica do Brasil -, na qual se reuniam letrados, padres e maçons [S. Buarque de Holanda, p. 208-37]. Esse núcleo secreto, cuja finalidade era livrar o Brasil do jugo da Coroa e retirá-lo da condição de colônia, preparava um movimento revolucionário para o mês de abril de 1817, aproveitando as tensões no Nordeste, onde a crise do açúcar e a seca alimentavam um clima de insatisfação propício à eclosão do movimento. Contudo, um evento imprevisto - o episódio do Leão Coroado - precipitou os planos, de modo que em 6 de março de 1817 explodia no Recife o movimento republicano liberal denominado Revolução Pernambucana de 1817, com repercussões por outras capitanias. No dia seguinte, o governador Caetano Pinto de Miranda Montenegro era deposto e embarcado para o Rio de Janeiro [v. José Carlos Mayrink da Silva Ferrão, 20330] [Pires Ferreira, v.1, p. 7]. Dotado de patriotismo, experiência e generosidade, Gervásio Pires Ferreira, um dos conspiradores do movimento, torna-se um dos esteios da revolução que proclamava a independência do Brasil. Já em 11 de março, receberia do governo provisório uma prova de apreço e confiança, ao ser designado conselheiro de Estado e, em seguida, presidente do Erário nacional, cargo de importância decisiva. Quer num posto, quer noutro, Gervásio prestou serviços tão relevantes e mostrou-se homem tão superior, que, ao final, sem o seu parecer nenhuma providência era tomada [Pereira da Costa, p. 405-9]. Em outras palavras, tomava ele as rédeas da revolução. O governo provisório enviará aos Estados Unidos da América Antônio Gonçalves da Cruz, o "Cabugá, na qualidade de agente diplomático e encarregado de negócios. Cabugá, que residira em Paris entre 1789 e 1795, durante a Revolução Francesa, teve como missão promover o reconhecimento formal da nascente república pelo governo daquele país e comprar armas e munição, as quais deveriam ser urgentemente remetidas a Pernambuco. Para essa incumbência, Cabugá levou como secretário e intérprete Domingos Malaquias de Aguiar Pires Ferreira [v. 33142], sobrinho de Gervásio, e a quantia de 60:000$000 (sessenta contos de réis). Desse montante, 25:000$000 (vinte e cinco contos de réis) haviam sido generosamente oferecidos por Gervásio, que também cedeu o Espada de Ferro para o transporte das armas. Ao mesmo tempo, com vistas a estender o movimento revolucionário a todo o Nordeste, despacharam-se emissários para as capitanias subalternas do Ceará, do Rio Grande do Norte, da Paraíba e de Alagoas. Para a Bahia seguiu o padre Roma, como era conhecido José Ignacio Ribeiro de Abreu e Lima, que seria preso ao desembarcar. Mas foram efêmeros, estavam contados os dias de independência do Brasil e da existência política da república, que sob tão bons auspícios haviam iniciado. Aparentemente de nada valera o entusiasmo e o empenho de tantos patriotas. Ainda assim, apesar de a revolução não ter vingado, Gervásio muito contribuiu para despertar no ânimo dos brasileiros o amor à liberdade e à independência pátria, que viria a ser proclamada quatro anos depois, em 1822. Seu compromisso ressalta a cada passo da história. Se, durante a breve prosperidade da república, Gervásio patenteou seu espírito calmo e refletido, a par de um admirável patriotismo, não os patenteou menos na adversidade, quando as tropas realistas já batiam às portas do Recife. Ao se retirar da capital o governo de que fazia parte, empenhou-se, em vão, em obter do almirante português Rodrigues Lobo certas condições favoráveis de capitulação. Desenganado, recolheu-se ao seio da família. Poderia ter fugido com ela para o Piauí, onde residia seu irmão José Pires Ferreira, mas preferiu ficar à espera da prisão. Preso em 25 de maio de 1817 e metido em grilhões a bordo do navio Carrasco, seguiu para Salvador, na Bahia, onde foi encarcerado pelo conde dos Arcos, Marcos de Noronha Brito. Ali permaneceria por quatro anos - fingindo-se de mudo durante todo esse tempo -, enquanto alguns de seus companheiros pernambucanos seriam executados, como o padre Roma, Domingos José Martins, Domingos Teotônio, José Luís de Mendonça, frei Miguelinho e o capitão José de Barros Lima. Os portugueses não se atreveram a executar Gervásio em razão de sua opulência econômica e das repercussões em Pernambuco. Essa foi a maior operação militar contra Pernambuco desde a guerra contra os holandeses [1630-1654]. Por ordem de d. João VI, partiram tropas do Rio de Janeiro, de Salvador e de outros pontos da Colônia para sufocar o movimento liberal republicano que viria a ser conhecido como Revolução Pernambucana de 1817 [S. Buarque de Holanda, p. 221]. Esmagados os rebeldes, os monarquistas brasileiros e portugueses restabeleceram o domínio luso na província. Em 1821, Gervásio Pires Ferreira e os demais encarcerados - entre eles, seus irmãos Joaquim e João de Deus - encontrariam a liberdade, graças à revolução constitucional do Porto, ocorrida um ano antes, em 1820. Para proteger os companheiros e não comprometer a causa pela qual haviam lutado, Gervásio se fingira de mudo nos quatro anos de prisão. Assim permaneceria ainda por algum tempo depois de retornar ao Recife, onde recebia e agradecia, fazia perguntas e dava resposta somente por escrito. Se isso parecia capricho, tornava-se virtude nas terríveis marulhadas em que se achava a pátria. Os pernambucanos não demorarão a se rebelar novamente contra a Coroa, a pretexto do despotismo do novo governador da província, Luís do Rego Barreto. Ao triunfar, a Convenção de Beberibe elege a primeira junta de governo provisório de Pernambuco, em 26 de outubro de 1821, e escolhe Gervásio Pires Ferreira como presidente, reconhecendo seus serviços e seu patriotismo. No dia seguinte, 27 de outubro, Barreto e suas tropas portuguesas são expulsas para Portugal. Gervásio toma posse na Câmara de Olinda e só então decide recobrar a fala. Eleito por numerosos votos, torna-se o primeiro presidente constitucional do Brasil, reconhecido por decreto das cortes constituintes de Lisboa [Pereira da Costa, p. 407]. Governará Pernambuco durante quase um ano, de 26 de outubro de 1821 a 15 de setembro de 1822, sem reconhecer a autoridade do príncipe regente, d. Pedro I, nem a de José Bonifácio. Naqueles dias de angústia e incerteza, revelou-se grande estadista. As cortes de Lisboa atribuíram-lhe vistas republicanas, os regeneradores paulistas imputavam-lhe vistas constitucionais. José Bonifácio, temendo que Pernambuco e o Nordeste se separassem do Brasil, trabalha para dividir os pernambucanos provocando descontentamento. Com os acontecimentos monarquistas de 7 de setembro de 1822, Gervásio, pressionado de todos os lados, renuncia ao governo de Pernambuco em 15 de setembro. No dia seguinte, acompanhado do filho José, toma o navio inglês Manchester, que zarpava em direção ao sul do continente. Tocando o paquete em Salvador, na Bahia, o general Ignacio Luiz Madeira, que, à frente das tropas portuguesas, mantinha a posse de Salvador vinculada à Coroa, exigiu que o comandante do navio lhe entregasse Gervásio e imediatamente o remeteu para Lisboa, onde o prisioneiro foi recolhido à cadeia de Limoeiro. Corria ainda o seu processo quando rebentou em Lisboa a contra-revolução de 5 de junho de 1823, mandando que el-rei d. João VI lhe restituísse a liberdade. Gervásio volta a Pernambuco, onde é eleito deputado para as duas primeiras legislaturas do Império, em 1823 e 1827. Vemo-lo ainda representar Pernambuco na legislatura de 1830 a 1833, quando desempenha importante papel como membro da comissão encarregada de resolver o assunto da irresponsável renúncia da regência, em tumultuada sessão de 1831. Pouco depois, deixa a vida pública. Gervásio Pires Ferreira permanece, até nossos dias, uma das figuras mais injustiçadas da história política do Brasil, esquecido e vítima da incompreensão dos tempos. A tendência é considerar que políticos paulistas, mineiros e cariocas já nascem brasileiros, nascem nacionais, desde o primeiro dia do mandato. De gaúchos, então, nem se fale. Políticos piauienses, paraibanos, maranhenses, baianos e pernambucanos, contudo, nascem apenas nordestinos, nascem apenas regionais. Por muito menos, Tiradentes é mártir nacional, enquanto Gervásio Pires e os pernambucanos executados na Bahia, em Pernambuco e na Paraíba são apenas patriotas regionais. A tradicionalista e conciliadora historiografia sulista tende a considerar parte da história nacional apenas o que se passou no triângulo São Paulo-Minas Gerais-Rio de Janeiro. O resto é história regional, ou seja: a história continua mal contada. Em Pernambuco, por exemplo, o processo da independência do Brasil começa em 6 de março de 1817 e prossegue durante os quatro anos de prisão dos responsáveis pela revolução que já desfraldara a bandeira da independência. E, na verdade não se interrompe mais, pois continua no movimento da Junta de Goiana, contra o governo português, triunfando na Convenção de Beberibe e na eleição de outra junta, em 26 de outubro de 1821, composta somente por brasileiros e presidida por Gervásio. Pernambuco proclamava sua independência, como primeira província brasileira a se libertar do jugo português. O mais importante, antes de tudo, era livrar o território brasileiro da presença das tropas portuguesas. Vale dizer, ao promover a libertação do território pernambucano da presença da tropa portuguesa, Pernambuco antecipou a separação em relação ao 7 de Setembro de 1822. Era a luta contra os monopólios e o fiscalismo, o nativismo das elites coloniais, as insurreições alimentadas por influências ideológicas estrangeiras; estes são os componentes da realidade colonial, marcada por forte sentimento antilusitano e pelos ideais de libertação e emancipação. Não se pode esquecer que o manifesto divulgado por Gervásio Pires Ferreira, rompendo com as cortes de Lisboa em 26 de agosto de 1822, antecede e precipita o 7 de Setembro. Isto é, o príncipe regente efetivaria a independência no sul do Brasil somente quinze dias depois de Gervásio Pires Ferreira em Pernambuco [Barbosa Lima Sobrinho, p. 77-82; A. J. Melo, v.1]. Há os estudos históricos no Brasil que assinalam o "grito do Ipiranga" como consequência de mensagem enviada por José Bonifácio a d. Pedro I. Por que não pensar que essa mensagem foi consequência do rompimento de Gervásio Pires Ferreira com as cortes de Lisboa? A historiografia sulista nos fala que o Ipiranga foi um grito - e não um manifesto de independência. Por conseguinte, qual a razão real que leva Pedro I ao grito do Ipiranga? O mérito da independência do Brasil não pode ficar eternamente reduzido a esse "grito" e ao fato de este ter sido dado por um príncipe regente, ou filho de um rei. O 7 de Setembro, na realidade, nada modificou em profundidade. O que significou o "grito do Ipiranga" para milhares de trabalhadores escravos e para tantos brancos e mulatos pobres? A "nova nação que nascia" continuava a ter a mesma estrutura dos três séculos de vida colonial: a grande propriedade, concentrada em poucas mãos; a monocultura, mantendo sua dependência exterior; e a escravidão, que oprimia e degradava a vida de tantos seres humanos. Entretanto, apesar disso tudo, os historiadores sulistas não demonstram pouco espírito crítico ao interpretar a Independência do Brasil e o 7 de Setembro de 1822 como "era uma tarde linda, azul e fresca [...] A natureza para eles decerto a tinha feito assim tão bela para servir de cenário à proclamação do Império..." Sobre Pernambuco de 1817 a 1824, é indispensável a consulta a A outra independência, de Evaldo Cabral de Mello [2004]. GERVÁSIO PIRES FERREIRA casou-se na tarde do dia 08-07-1792 em Lisboa, na igreja de São Cristóvão [Livro 7, fl. 139v.], com GENOVEVA PERPÉTUA DE JESUS CALDAS [30023a], n. 03-01-1775 em Lisboa, b. 11-01-1775 também na igreja de São Cristóvão [Livro 8, fl. 193v.], f. 05-04-1846 no Recife, s. na igreja de N. Sa. do Rosário dos Pretos [Livro 07 da matriz da Boa Vista, fl. 110v.]. Genoveva teve como padrinho de batismo seu tio paterno Luiz Pereira de Sousa Caldas e, como testemunha de casamento, o tio paterno João Rodrigues Caldas. GENOVEVA PERPÉTUA DE JESUS CALDAS era irmã de João Pereira de Sousa Caldas. Filha de José Pereira de Sousa Caldas (n. 14.03.1734 e b. 18.03.1734 em São Julião de Badim, conselho de Monção, distrito de Viana do Castelo, f. em Lisboa. Grande negociante e dono de navios que faziam comércio de açúcar com Pernambuco em fins do século XVIII até inícios do século XIX, quando da invasão napeoleônica em Portugal. Cavaleiro professo da Ordem de Cristo; fidalgo da Casa Real de Portugal. Em Lisboa, o largo do Caldas, que ficava na freguesia de São Cristóvão, recebeu este nome, dado a importência de José Pereira de Sousa Caldas. Existe diversos documentos a respeito das atividades comerciais de José Pereira de Sousa Caldas, na torre do Tombo, em Lisboa.) e de Thereza Joaquina de Jesus (n. na freguesia de São Cristóvão, em Lisboa). Sobrinha paterna de João Rodrigues Caldas; e de Luiz Pereira de Sousa Caldas (n. 18.01.1732 em Badim. Capitão de milícias. Comerciante), este casou-se em 09.08.1760 no Rio de Janeiro com Anna Maria Gurgel do Amaral. Prima paterna do poeta Antônio Pereira de Sousa Caldas (n. 24.02.1762 no Rio de Janeiro e f. 02.03.1814 no Rio de Janeiro. Foi enviado a Lisboa aos cuidados dos tios José e João para ser educado. Advogado formado em Coimbra em 1789, ocasião em que se tornou amigo de João de Deus Pires Ferreira (ver 30020). Teria recebido as ordens sacras em Roma em 1790. Retornou definitivamete ao Brasil em 1808, com a invasão napoleônica a Portugal. (ver site da Academia Brasileira de Letras). Poeta sacro e grande orador (filho de Luiz Pereira de Sousa Caldas)). Genoveva Perpétua de Jesus Caldas era neta paterna de Antônio Pereira Rebello (n. 15.01.1704 em Badim) e de Maria Luísa de Sousa Caldas (n. 25.09.1704 em Badim), estes casados em 25.04.1731 em Badim. Bisneta paterna paterna de Ignacio Rebello (b. 21-01-1655 na freguesia de Santa Maria de Sela) e de Jacinta Antônia Lobato (b. 05-12-1669 em Cabrera), casados em 17-12-1685 na freguesia de Cabrera, bispado de Tuy, na Galícia espanhola, onde viveram por alguns anos; depois, moraram por doze anos em Salvaterra, na margem espanhola do Minho, defronte a Valadares, onde Ignacio foi administrador da alfândega, mudando-se mais tarde para Badim, em Portugal. Bisneta paterna materna de João de Sousa e de Maria Caldas, estes casados em 20.04.1701 em Badim (Geraldo Pereira Caldas, comunicação pessoal em janeiro de 2015. Ao falecer, Gervásio Pires Ferreira era proprietário do engenho Caxito, em Jaboatão, anteriormente denominado engenho de São João Baptista, adquirido por ele em 20-11-1827 pelo preço à vista de 32:000$000 (trinta e dois contos de reis). De importância histórica por ter dado origem à povoação de Jaboatão, esse engenho pertencera antes a Gaspar Alves de Pugas e ocupava terras remanescentes da sesmaria concedida por Duarte Coelho de Albuquerque, segundo donatário na capitania de Pernambuco [1575]. O engenho São João Baptista foi vendido sucessivamente ou adquirido por herança a Pedro Dias da Fonseca, Bento Luiz de Figueiroa, Antônio de Bulhões [1609-48], que mudou o nome para engenho Bulhões, Zacarias Bulhões, Manuel Carneiro da Cunha Bulhões, capitão-mor Domingos Bezerra Cavalcanti, capitão Luiz Pereira Vianna e Gervásio Pires Ferreira. Por morte deste, foi legado a sua esposa, Genoveva Perpétua de Jesus Caldas, e, por sucessão, a Manuel Pires Ferreira (capitão), Antônio Pires Ferreira, Júlia Angélica Pires Ferreira e José Pires Ferreira, que vendeu sua parte aos outros irmãos. Com o falecimento de Antônio Pires Ferreira, sua parte foi herdada pelos sobrinhos Francisco de Assis Brito, Bento de Assis Brito, Maria do Monte Rodrigues Campello e Maria Damiana Rodrigues Campello. Por morte do capitão Manuel Pires Ferreira, tornaram-se usufrutuários Júlia Angélica Pires Ferreira, Anna Júlia da Costa Brito, Bento de Assis Brito, Damiana Rodrigues Campello e Maria do Monte Rodrigues Campello. Outros proprietários que o adquiriram por compra foram Joaquim Xavier Carneiro de Lacerda, Thomaz de Aquino Pereira [1918], Pessoa, Maranhão & Cia [1938], José Ranulfo da Costa Queiroz e Usina Bulhões [Hoeven apud Lins, t.1, p. 48-9]. GERVÁSIO PIRES FERREIRA e GENOVEVA PERPÉTUA DE JESUS CALDAS, ao se casarem, foram residir na Rua João da Motta, em Lisboa. Ambos viriam a falecer na residência do casal em Recife, na chamada "rua dos Pires", como ainda é conhecida a atual Rua Gervásio Pires. Genoveva deixou propriedades e muitos bens. Seu filho Manuel Pires Ferreira foi o inventariante e testamenteiro. [V. descendência do casal em: Pires Ferreira, v.1, p. 141-299.]