24468 / Volume 4
LINA PIRES FERREIRA (LINOCA), n. 13.06.1854 no Engenho Paraíso, no município de São Bernardo, MA, e + 21.08.1945 no Rio de Janeiro. Casou-se em 15.11.1875 no Engenho Paraíso com seu primo FIRMINO PIRES FERREIRA; (VACA BRAVA), n. 25.09.1848 no município de Barras, PI, e + 21.06.1930 no Rio de Janeiro (a festa de casamento durou dias seguidos, com os convidados, e os escravos a dançar, cantar, beber e comer). Filho de José Pires Ferreira (neto) e de Maria Joaquina de Jesus Castello Branco Carvalho de Almeida (ver Volume 2); neto paterno de Maria da Assumpção Pires Ferreira e de Luiz de Souza Fortes Bustamante de Sá Menezes; bisneto de José Pires Ferreira e de Marianna de Deus Castro Diniz. Firmino Pires Ferreira, entrou para o Exército em 11.01.1865; tomou parte na Guerra do Paraguai (1866 a 1870). Em 18.01.1868 já era Tenente, e, alcançou o posto máximo de Marechal em 1906, posto em que se reformou em 1913. No ano de 1868 foi-lhe confiada a espinhosa missão de transportar o material de construção para a famosa travessia do chaco, recebendo citação especial, em ordem do dia do comandante da 6ª Companhia do Batalhão de Engenheiros, capitão Manoel Peixoto Cursino do Amarante, "por sua ação pronta, enérgica e incansável". No combate de 8 de maio, diz a ordem do dia, "comandando 24 praças de sapadores, destruiu na frente as obras de defesa com que o inimigo havia interceptado a estrada por onde as tropas brasileiras deveriam passar". No mesmo ano, seria novamente elogiado, pelo então Marquês de Caxias, Comandante-em-chefe das Forças em operação no Paraguai, por sua ação à bordo do monitor "Rio Grande" encarregado de proteger a retirada de uma linha avançada de nossa Infantaria. Os atos de heroísmo do jovem filho de Barras não terminaram aí. Participou da famosa batalha de Humaitá, na guarnição das chalanas, combatendo o inimigo que tentava evadir-se. Tomou parte na tomada das fortificações que cobriam a passagem de Jebiquari e no reconhecimento das posições fortificadas de Angostura. No ano seguinte em 1869 integrou a vanguarda das forças que tomaram a praça forte de Peribebui, ocasião em que foi ferido, sendo elogiado pelo então capitão Deodoro da Fonseca, comandante da 8ª Brigada de Infantaria, e promovido a 1º Tenente por ato de bravura. Terminada a guerra, voltou ao Brasil em 1870, ingressando na Escola Militar da Corte, onde fez o curso superior, sendo promovido a capitão em 1874. Seguiram-se, daí em diante, sucessivas promoções: Tenente-Coronel em 1889; General de Brigada em 1895; General de Divisão em 1901; Marechal em 1906 ("Le Brésil Contemporain", Vol. 1, nº 33, Berlin s/d; Chaves, 1983:25-28). Durante a Guerra do Paraguai serviu com o Capitão, depois Coronel Deodoro da Fonseca, com o 1º Tenente Floriano Peixoto e com o Tenente Hermes da Fonseca, daí surgindo amizades duradouras. Quando da proclamação da República, a 15 de novembro de 1889, encontramos o então Tenente-Coronel Firmino Pires Ferreira, ao lado do Marechal Deodoro da Fonseca. Curiosamente, setenta anos antes seu tio-bisavô, Gervásio Pires Ferreira tentara em vão implantar a República no Brasil nas Revoluções Pernambucanas de 1817 e 1821 (ver Gervásio Pires Ferreira, neste Volume 4 , e no Volume 1, Título 6, pg. 141). A partir de 1890, suas atividades sel dividiram entre o exército (comandos militares) e a política. Com a República, Firmino Pires Ferreira, elegeu-se deputado federal à constituinte (1890), pelo Piauí; e para a primeira legislatura ordinária (1891-1893); depois Senador pelo Piauí de 1894 a 1930 (11 legislaturas), data em que faleceu (Documentos Parlamentares, 1917; 11º Volume). Foi um dos fundadores do Partido Republicano Conservador em 5 de novembro de 1910, chegando a vice-Presidente do mesmo, ocasião em que o partido era presidido por seu grande amigo e companheiro na guerra do Paraguai, Pinheiro Machado. Como Pinheiro Machado, também era típico "Coronel", controlando com mão de ferro suas bases políticas no Piauí. O Marechal Pires Ferreira tinha para com seu Estado, uma postura feroz, enquanto que no Rio de Janeiro, era cortês, afável e amigo apaziguador. Com Pinheiro Machado controlou o Senado durante anos, até a brutal morte deste. Como "Coronel" controlava o seu estado natal através de seus familiares, como vemos em sua correspondência: .... "O sangue (dos Pires) puxa mais do que cem bois de carro". E como "político" através de grandes alianças familiares, como a do casamento de seu neto Firmino Pires de Mello com a filha do Presidente Washington Luis. Permaneceu no Senado durante quarenta anos até sua morte em 1930, pouco antes do ditador Getúlio Vargas tomar o poder. Sobre o lado cortês do Marechal Pires Ferreira, é interessante lembrar que as escadarias das residências do Rio de Janeiro em forma de ferradura ou de "U", como se fossem dois braços acolhedores, eram conhecidas como "escadarias Pires Ferreira", em homenagem à sua postura sempre conciliadora. Sua casa no Cosme Velho, no Rio de Janeiro, era frequentada tanto pelos amigos e adversários políticos, como por todos os seus familiares e estudantes piauiense que viviam no Rio de Janeiro. Tornou-se uma figura lendária na família, e no Piauí, entretanto, ficou esquecido na história de seu Estado, depois de 1930, pela implacável perseguição que sofreram seus seguidores e familiares. No Rio de Janeiro onde residia a viúva do Senador Firmino Pires Ferreira, com suas duas filhas, estas também viúvas, mandou o ditador Getúlio Vargas, dias depois de tomar o poder, vasculhar e saquear o velho solar do Cosme Velho, levando o arquivo pessoal do Presidente Washington Luís, lá escondido. Assim como o arquivo pessoal do Marechal, com documentos relativos a 40 anos de sua vida como parlamentar piauiense. Destes saques nada se sabe, assim como do destino destes documentos, que provavelmente foram destruídos a mando do ditador. Seu famoso e pitoresco apelido, "Vaca Brava", surgiu nos tempos em que serviu no Exército sob as ordens de Floriano Peixoto, o "Marechal de Ferro".
Lina Pires Ferreira (Linoca) e Firmino Pires Ferreira foram pais de: |