41015 / Volume 5
THEODORO DE CARVALHO E SILVA CASTELLO BRANCO, conhecido como o Poeta Caçador", n. 08-01-1829 na fazenda da Limpeza, no atual município de Esperantina, f. 10-07-1891 em Barras [Valdemir Miranda de Castro, comunicação pessoal, abril de 2012]. Theodoro foi entregue em 1832 pelos pais (antes que seu pai, Leonardo de Carvalho Castello Branco, partisse para Lisboa, em 1833), a seus tios e padrinhos Rosa Maria Pires Ferreira e Marianno de Carvalho Castello Branco [v. 41.016], este, irmão de Leonardo de Carvalho Castello Branco [Pires Ferreira, 1993, v. 3, t. 1, p. 16]. Theodoro, na casa de seus tios e padrinhos, certamente recebeu uma esmerada educação primária para a época e no contexto rural piauiense de meados do século XIX. Recebeu a mesma educação que receberam seus primos-irmãos - Viriato Rosendo, Belisário Olympio, Eudoro Emiliano e Adelaide Rosa -, filhos de Rosa Maria e Marianno. Entretanto, ignoramos por que Theodoro não continuou a estudar, dado que recursos financeiros não faltavam aos seus tios e padrinhos. Todos os seus primos-irmãos homens adquiriram educação superior, sendo que Viriato Rosendo formou-se em engenharia em Paris. Nessa mesma época, o primo-irmão de Viriato Rosendo, Fernando Pires Ferreira formava-se em medicina e se especializava em oftalmologia em Paris [Pires Ferreira, 1993, v. 3, t. 1, p. 16; 1990, v. 4, p. 91-2]. Provavelmente Theodoro não continuou os estudos porque na época as profissões se limitavam ao direito (no Recife ou em São Paulo), à medicina (em Salvador ou Rio de Janeiro), à engenharia (no Rio de Janeiro), ao sacerdócio ou à vida militar. Theodoro certamente optou ficar na terra, na agricultura, e por isso tornou-se um Caçador, por ser um Poeta! Viveu a primeira infância com seus quatro primos no lugar Satisfeito, no antigo município de Barras. O lugar (sítio-fazenda) Satisfeito foi uma doação de José Pires Ferreira e Marianna de Deus Castro Diniz a sua filha Rosa Maria Pires Ferreira, ao casar-se com Marianno de Carvalho Castello Branco. Por volta de 1847, Marianno de Carvalho fundou a sua fazenda Olho d´Água, coberta de telha, em terras da data e sesmaria concedida em nome de seu pai em 1739, no sítio chamado Boa Esperança, hoje no município de Esperantina. Em fins da década de 1830, o então lugar onde hoje está localizada a cidade de Esperantina, possuía somente duas ou três casas cobertas de telha, sendo que duas eram de Francisco Xavier Moreira de Carvalho. A fazenda da Limpeza distava aproximadamente 9 quilômetros da atual cidade de Esperantina, e a fazenda Olho d´Água (depois Olho d´Água dos Pires) distava outros 9 quilômetros da fazenda da Limpeza, isto é, a aproximadamente 18 quilômetros da atual cidade de Esperantina. A fazenda Chapada da Limpeza distava umas duas léguas, aproximadamente 12 quilômetros da atual cidade de Esperantina, e uns 3 quilômetros da fazenda da Limpeza. A fazenda Olho d´Água, depois Olho d´Água dos Pires, teve como ultimo proprietário da família Pires Ferreira, Jacy Coelho Pires [Pires Ferreira, 1993, v. 3, t. 1, p. 196]. Em fins da década de 1980 Jacy Coelho Pires vendeu a fazenda ao dr. Francisco Linhares. Em 1989 o governo do estado do Piauí desapropriou a fazenda e tombou a casa-grande. A fazenda passou a ser chamada de Olho d´Água dos Negros, e nela foi criado um assentamento quilombola, com descendentes de escravos. A casa-grande do Olho d´Água ainda estava em pé em princípios de 2006, em estado precário. Dois dos primos homens de Theodoro nunca mais voltaram ao Olho d´Água. Belisário Olympio faleceu em 1869 na Guerra do Paraguai, e o outro, o preferido, o mais chegado e querido, Eudoro Emiliano, poeta como Theodoro, faleceu no Rio de Janeiro em 1878 [Pires Ferreira, 1992, v. 3, t. 1, p. 16]. Theodoro partiu para a Guerra do Paraguai em 19-05-1865, no primeiro corpo de voluntários que deixou o Piauí. Militou no Exército durante quatorze meses, ocasião em que foi acometido de febre tifoide, que o deixou parcialmente surdo. Retornou ao Piauí, atormentado pela surdez que o torturou durante o resto de sua vida. Theodoro, que se autodenominava "o Poeta Caçador", publicou em 1884 A Harpa do caçador, em São Luís, depois que seu sobrinho e primo Hermínio Castello Branco organizou-a e ajudou na publicação. Somente quatro anos depois de publicada, Theodoro apareceu em Teresina com a obra, cabendo a Clodoaldo de Freitas fazer a primeira apresentação do poeta piauiense ao público. Segundo Celso Pinheiro Filho [1996], Theodoro possuía uma boa cultura para a época, equivalente mesmo à dos intelectuais de seu tempo no Piauí. Theodoro proveio de um tronco da família Castello Branco que produziu mais três poetas: seu pai, Leonardo de Carvalho Castello Branco [v. 40.919], Eudoro Emiliano de Carvalho Castello Branco [v. 40.021] [Pires Ferreira, 1993, v. 3, t. 1, p. 16] e Hermínio Castello Branco [v. 41.076] [Chaves, 2005, p. 213-5; Freitas, 1998, p. 161-72; Gonçalves, 2006, p. 69-72; Pinheiro Filho, 1996, p. 3-13; Sá, 1996, p. 115-21, in Castello Branco, 1996]. Theodoro viveu a maior parte da vida no sítio-fazenda Olho d´Água e acompanhou todo o sofrimento de seus tios e padrinhos Rosa Maria e Marianno, quando da partida de seus filhos, como vemos em Tua ausência, de A harpa do caçador: "A tua cara irmã vive saudosa,/ Teu extremoso pai se acha prostrado/ E tua terna mãe - sempre chorosa!" Aparentemente deixou o sítio Olho d´Água com o casamento da prima Adelaide Rosa de Carvalho Castello Branco, em 24-06-1878, com o primo desta José Pires Ferreira [neto]. Adelaide Rosa viria a morrer poucos anos depois, em 1883. Assim, com a morte de sua última prima e quase irmã, acabava sua verdadeira família [Pires Ferreira, 1992, v. 2, p. 18-20]. A reedição de A harpa do caçador somente se deu em 1996, graças à Fundação Cultural Monsenhor Chaves, depois de mais de cem anos. Theodoro é patrono de cadeiras da Academia Piauiense de Letras e da Academia de Letras do Vale do Longá. THEODORO DE CARVALHO E SILVA CASTELLO BRANCO casou-se em 02-09-1882, em Barras, com HONORINA ROSA DE CASTRO [41.015a] [... segundas núpcias desta], viúva de Francisco Xavier Vieira de Carvalho (f. 23-10-1851 no município de Barras) [Valdemir Miranda de Castro, comunicação pessoal, abril de 2012]. Ignoramos se Theodoro deixou descendência, embora alguns autores afirmem que teve três filhos, certamente não de seu casamento. |