História de João Paulo Diniz


Verbetes / Volume
45386 / V.5
JOÃO PAULO DINIZ, n. em Portugal, f. depois de 1792, provavelmente em Parnaíba PI. Com a expulsão dos jesuítas do Brasil, em 1759, por ordem do marquês de Pombal, João Paulo Diniz ocupou a fazenda da Santa Cruz das Pedras Preguiças e respectiva casa-grande, propriedade dos religiosos em Barrerinhas, no Maranhão. Foi fazendeiro, agricultor, industrial e comerciante. É sabido que antes de 1758 já se encontrava na vila da Parnaíba, no Piauí, criada oficialmente como vila de São João da Parnaíba em 18-08-1762. Em 1768, foi indicado pelo governador do Maranhão para o posto de administrador da Companhia Geral do Comércio do Grão-Pará e Maranhão em Parnaíba. Em 1770, abria novos caminhos para trazer seus rebanhos da região de Balsas e Pastos Bons, do sul do Maranhão, onde possuía várias fazendas de gado, até a foz do rio Parnaíba. Ao criar oficinas de carne-seca, ou charque, ao longo das duas margens dos rios Parnaíba e Balsas, tornou-se um dos mais importantes fazendeiros da época na região, assim como pioneiro da industrialização da carne-seca, não somente no Piauí, mas também no Brasil, precedendo nessa atividade o Ceará e o Rio Grande do Sul. Seu charque era enviado para Alcântara, São Luís, Belém, Recife, Salvador e Rio de Janeiro. Em 24-04-1776, firmou contrato junto à Câmara de Tutóia, no Maranhão, como arrendatário da Ilha do Caju, para introduzir ali rebanhos de gado vacum. Nessa ilha existia um aldeamento de índios tremembés. Naquele momento a criação de gado e a indústria saladeiril alcançavam grande desenvolvimento no Piauí e no Maranhão, gerando grandes riquezas. É nessa época, por volta de 1768, que João Paulo Diniz convida seu parente Domingos Dias da Silva, radicado no Rio Grande do Sul, a entrar nos negócios de charqueadas no Piauí. Sabe-se que João Paulo Diniz, homem de visão, foi um dos iniciadores do desenvolvimento da feitoria do Porto das Barcas, antes Porto Salgado, em Parnaíba, para a comercialização e exportação do charque e do couro, entre outros produtos. Segundo Ailton Vasconcelos Ponte, a industrialização e a comercialização realizadas por João Paulo Diniz não se resumiam à carne-seca, mas destacavam a produção de couro, que era exportado para a Europa via Portugal [Ponte, estudo inédito; comunicação pessoal em 2010]. Em 1792, João Paulo Diniz, que tinha laços familiares em São Matias de Alcântara, firmou contrato de três anos com essa vila, para fornecimento de carnes secas e frescas, conforme consta do Livro da Câmara da Vila de Alcântara - 1774/1827 [p. 228]. Na época os navios que negociavam entre Lisboa e Belém do Pará chegavam às costas do Ceará e aportavam em Parnaíba, São Luís e Alcântara [Pimentel, 1762, p. 273-300]. João Paulo Diniz foi também pioneiro na produção do algodão no Maranhão. Foi Capitão-mor. Em 09.03.1777 foi nomeado mestre de campo da cavalaria de Ordenança do Piauí e membro do governo da província do Piauí em 1788 [Carvalho, 2007, p. 171-5; Demosthenes, 1947, p. 80-8; Dodt, 1981 (1873); Gayoso, 1970 (1818), p. 179; Nunes, 1975, v. 1, p. 119-20; Pereira da Costa, 1909, p. 87-8; Ponte, 2012; Prado, 1986, p. 45, 74, 149; Rego, 2010, p. 134-40; Reis Júnior, 1961, p. 25; Ribeiro, 1874, p. 62-3; Silva, 1978, p. 27-8; Southey, 1810-1819]. João Paulo Diniz casou-se em São Matias de Alcântara MA com ROSA MARIA JOAQUINA PEREIRA DE CASTRO [45.386a], n. em São Matias de Alcântara, f. em Parnaíba. Certamente era filha de abastado comerciante estabelecido em Alcântara. Certamente também, herdou propriedades e terras em Alcântara, as quais passariam para seus filhos. João Paulo Diniz e esposa presentearam a cidade de Parnaíba com a capela-mor da igreja matriz de Nossa Senhora da Graça, na Praça da Graça, depois de terem mandado refazer a nave central, o teto e o forro. Em 1777, a Cúria metropolitana de São Luís autorizou a bênção do templo reformado. No ano seguinte, o casal doou ao patrimônio da paróquia uma casa na praça da igreja. Como recompensa por esses gestos e por gratidão, o vigário-geral escreveu ao casal: "Lhes concedo os privilégios de isenções, de verdadeiros fundadores da sobredita Capela Mor, gozando como tais, eles e seus descendentes, os mesmos privilégios de poderem ter nela sepultura in perpetuum, e tribunas ao lado, em que assistam os Ofícios Divinos, e de administrarem os bens e alfaias da mesma capela, sem que os Reverendos Párocos, para o futuro, lho impeçam nem obriguem a dar contas, as quais se darão aos Exmos. e Revmos. Prelados ou seus Visitadores". Em 1776, João Paulo Diniz e esposa possuíam em sua residência, nos arrabaldes da vila de São João da Parnaíba, um oratório particular (o qual, na época, não passava de uma sala), sendo esse um privilégio de que somente famílias abastadas podiam usufruir [Melo, 1991, p. 69, 133-35; Pires Ferreira, 1987-2011, 6 v.].
João Paulo Diniz e Rosa Maria Joaquina Pereira de Castro foram pais de:
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Ver mais em:

1. Anexo: Artigo DE Reginaldo Miranda: João Paulo Diniz, pioneiro da indústria de charque no Piauí.

2. Anexo: Ensaio sobre "Carvalho", de Ribeira de Pena, século 17, na ocupação do Piauí, séculos 18-19 até a mim e minhas irmãs. São Paulo 2018.

3. Anexo: Artigo de Gilberto de Abreu Sodré Carvalho sobre João Paulo Diniz.

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descrição: Capitão Domingos Dias da Silva
Em 07/12/2017, às 20H20
Artigo do Reginaldo Miranda.