14916b / Volume 3A
BEATRIZ JUANA ISABEL BISSIO STARICCO (Beatriz Bissio), n. 1950 em Montevideo, Uruguai. Uruguaia de nascimento, e de nacionalidade brasileira. Em 1974, na Argentina, Beatriz Bissio, Neiva Moreira e Pablo Piacentino, fundaram a Revista " Cadernos do Terceiro Mundo", que circulou até 2005. Graduada em Ciências Sociais, pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, PUC, em 2003. Jornalista. Historiadora. Cientista Política. Professora do IFCS, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, RJ.
Casou-se com JOSÉ GUIMARÃES NEIVA MOREIRA, segundas núpcias deste, n. 10.10.1917 em Barão de Grajaú. Em 1940 concluiu os estudos secundários na capital maranhense. Em 1942 passou a exercer o jornalismo nos Diários Associados, no Rio de Janeiro, então Distrito Federal, tornando-se nesse mesmo ano redator do Instituto Brasileiro do Café (IBC). Iniciou a vida política ao eleger-se no pleito de outubro de 1950 deputado à Assembléia Legislativa do Maranhão na legenda das Oposições Coligadas, constituídas pela União Democrática Nacional (UDN), o Partido Social Democrático (PSD), o Partido Republicano (PR), o Partido Liberal (PL), o Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) e o Partido Social Progressista (PSP). Assumindo o mandato em fevereiro do ano seguinte, defendeu a criação da Petrobrás e da Eletrobrás e tornou-se líder da bancada oposicionista. No pleito de outubro de 1954 elegeu-se primeiro suplente de deputado federal pelo Maranhão na legenda do PSP. Deixando a Assembléia em janeiro de 1955, ocupou uma cadeira na Câmara em fevereiro seguinte. Em 1956 tornou-se vice-líder da minoria e do PSP, tendo sido também um dos fundadores da Frente Parlamentar Nacionalista (FPN), grupo suprapartidário criado basicamente por deputados do PTB, PSD, UDN e do Partido Socialista Brasileiro (PSB). Atuante na Câmara, a FPN dispunha-se a viabilizar uma plataforma nacionalista voltada para a condenação à intervenção do capital estrangeiro na economia nacional, especialmente no setor energético, e à remessa de lucros para o exterior. Em 1958, integrou a comissão parlamentar de inquérito (CPI) encarregada de investigar as circunstâncias em que se instalou no Brasil a Américan Can Company, empresa norte-americana fabricante de latas, bem como os efeitos da Instrução n$ 113 da Superintendência da Moeda e do Crédito (Sumoc) sobre a economia brasileira. Novamente vice-líder do PSP em maio de 1958, elegeu-se em outubro desse ano deputado federal pelo Maranhão na legenda das Oposições Coligadas, que reuniam então o PR, a UDN e o Partido Democrata Cristão (PDC). Nessa legislatura participou das comissões de Economia, de Legislação Social e de Relações Exteriores da Câmara dos Deputados, presidiu a Comissão de Transferência da Capital Federal para Brasília e foi segundo-secretário da mesa da Câmara em 1959 e 1960. Adepto do princípio da auto determinação dos povos e de uma posição não alinhada em relação aos grandes blocos, apoiou a Revolução Cubana de 1959 e o reatamento das relações diplomáticas e comerciais com a União Soviética em 1961. Segundo o Correio Brasiliense de julho de 1962, era partidário de um amplo intervencionismo estatal na economia, da nacionalização dos depósitos bancários e de todos os serviços públicos, assim como do monopólio estatal da exploração das riquezas do subsolo, das telecomunicações e dos transportes aéreos, ferroviários e marítimos. Defensor de uma reforma agrária simultaneamente coletivista e cooperativista, considerava necessária a mudança da Constituição de forma a adotar outro processo de indenização nas desapropriações que não o do pagamento prévio desse dinheiro. Defendia ainda a reforma eleitoral, com o voto para os analfabetos e a cédula única em todos os pleitos. Reeleito em outubro de 1962 na legenda do PSP, tornou-se, ainda durante o governo de João Goulart, um dos mais incisivos defensores das reformas radicais, atuando em consonância com Leonel Brizola. Com o golpe militar de março de 1964, teve o mandato cassado em abril seguinte pelo Ato Institucional nº 1 (9/4/1964). Ainda em abril, o novo governo proibiu a edição do diário maranhense Jornal do Povo, de sua propriedade. Exilou-se então na Bolívia, seguindo de lá para o Uruguai e, depois , para o Peru, onde trabalhou como editor internacional do jornal El Commercio. Em sua jornada no exílio fixou-se em Buenos Aires, onde passou a editar a revista mensal Tercer Mundo, posteriormente denominada Cuadernos del Tercer Mundo. Com a radicalização política da Argentina durante o governo de Isabelita Perón, o que tornou impossível a edição de sua revista, seguiu em 1976 para o México, de onde retornou ao Brasil em outubro de 1979, após haver sido beneficiado pela Lei da Anistia (28/8/1979). Recebido em São Luís por uma comissão de deputados do grupo "autêntico" do Movimento Democrático Brasileiro (MDB) e saudado por uma grande manifestação popular, declarou que não poderia ficar tranquilo enquanto existissem presos políticos no país e que a anistia deveria ser ampla, "pois não existe democracia pela metade". Indagado sobre a reformulação partidária, afirmou ser favorável à organização em bloco da oposição para poder "não só tomar como também assumir o governo". Com a extinção do bipartidarismo em novembro de 1979 e a subsequente reformulação partidária, vinculou-se ao Partido Democrático Trabalhista (PDT), liderado por Leonel Brizola. Presidente Nacional do PDT (1991-1993). Em junho de 1980 retornou às suas funções no IBC (Beloch, 1984:2290).
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